segunda-feira, agosto 25, 2014

Wake up from it!

(Pra que este site não se faça de morto eternamente, e antes que o grafite no caderno se gaste por inteiro)

(Enquanto "estudava" e morria de sono...)

...

Não entendo e pergunto
Recebo e não escuto
A mesa é um criado-mudo
Os livros são filhotes surdos
Crio alguns loucos mundos
Acordo e esqueço de tudo

...

Do petróleo estou filho tornado
A cidade se levanta sob o aço
Descadencio do ritmo do espaço
E a dança me lança a nado
Sou peixe de aéreo lago
E do orgânico magnetizado

...

Penso que devo pensar
Mas paro e penso 2x
Pensando demais passo a passos
passados em léguas passadas
E sem pensar posso parar
E passar para, sem parada,
A passarela sobre a guerra
E passar à rua e pegar a paz
No passível outro lado da via expressa

...

Pretensiosamente / Usou o tempo, / O espaço / E a mente / Pra fazer / O caminho / Até o pico / Da montanha / Que desponta / No horizonte / Do destino / Desses homens; / Mas a âncora / Do navio, / O pavio / Desse tino / Lhe queimou / E lhe fez / Se reter / Dentro de si, / Impedindo-lhe / De abrir / Seu peito / E fazer / Do seu direito / De seguir / Sem se ferir / Um ferimento / Sem tratamento / E fazer-se / Peregrino

...

Perecer na lua de tua terra
É quimera que eu sonho em ter
E os sonhos vagueam na capela
Que pudera eu poder nascer

...

Querido coração
Sua grandiosidade disse a este servo
"Toma teu caminho, não olhes"
Então segui teu conselho.
Portanto estou, no momento,
Num pantanal sem fim.
Papa de mosquito, isca de jacaré,
Uma cobra amputou meu pé

...

Poderoso silêncio
Avô de uma palavra
Tua mão me sara
O corpo de incêndio

Queira mostrar-se nua,
Palavra do homem cego,
Sou mais ou menos teu servo,
Na voz do ar que sussurra.

E, voando, ao susto, caio
E o mundo estranho liberta
E o minuto ávido me impera
E meu sonho nunca é passado

...

Poderoso silêncio
Pai de um murmúrio
Sou filho do súbido
Bastardo de vilipêndio.

Queira mostrar-se una
Querido colo natal
Sou mais ou menos como tal
Tupã é para a lua

O susto acorda o pranto
O pranto busca o consolo
A lágrima consagra-se no solo
E a voz embargada no canto

...

etc.

music of the day: Supercordas - Orquestra de Mil Martelos

"There is no pleasure in having nothing to do; the fun is in having lots to do and not doing it."
Mary Wilson Little



sexta-feira, janeiro 06, 2012

walk along it!

Lembra quando a areia corria pela gravidade?
Parecia longe
Parecia uma eternidade a hora deste dia
O que aconteceu?
O que aconteceu com a voz que minha solidão tinha?
Ela divertia os espectadores desta madrugada
E entretinha as imaginações impacientes por um mundo a parte.
O que aconteceu?
Lembra o que ela inventava? Eram histórias longas,
Aos olhos alheios desconexas, mas que na verdade eram uma só,
De um mundo grande feito um planeta.
Para onde foi esse mundo?
Para onde vai o que não mais existe?
Para onde foi minha poesia?
Cérebros, acostumados com a memória,
Não entendem o conceito da inexistência,
Porque ela os deprime.
Um dia também farei parte da inexistência
Lá encontrarei minha ampulheta perdida,
Meu rádio perdido,
Meu planeta perdido,
Minha poesia perdida.



Esta é a terra dos vivos
Andem por aquela planície e encontrarão trabalho
Andem por aquela serra, e encontrarão o ócio
Andem por aquela cidade e encontrarão a palavra
De dia verão o ódio passar
De tarde, talvez o amor,
E a noite verão o desejo, mas não há certeza.
De qualquer maneira, bem-vindo.
Nas praias encontrarão bebês chegando e corpos indo embora.
Os relógios movidos a vento.
E pelo vento os homens andam
E por andar os homens não observam
A terra dos vivos tem árvores e é viva.

music of the day: Eric Clapton & Wynton Marsales - Careless Love



"Life is like riding a bicycle. To keep your balance, you must keep moving."

Albert Einstein

sábado, abril 02, 2011

be over it's wings!

é um pássaro negro passando pelo sol. Brilhando. Paradoxos fazem poesias baratas e toscas, mas são reais, infinitamente mais reais que fundamentações acadêmicas. Enfim, é um assum preto brilhando feito um sol em eclipse, e por suas asas o vento voa. O velho vento, o vento que move tsunamis. Cuide de sua cidade.

Quem move essa gigantesca onda? No meu caso, o passado. O passado era uma montanha. De repente descobri que era um vulcão. Agora era uma ilha. Hoje eu preciso esperar que seja passado pra descobrir de novo o que era. Meu passado deixa de ser e começa a ser muitas coisas, e esse movimento provoca vento. Passarim preto, sorte é o que trazes no seu bico? Desculpe, achei que era.

Era o futuro que ele trazia no bico. Ou era o olho dele. Os corvos gostam de olhos. Normalmente são a parte que eles gostam mais. Agora à diácope e ao plágio:

  • Meu futuro jaz em uma câmara de gás, onde meus prisioneiros todos me puxam pelo braço e pela perna, tiram minha roupa e esperam que eu grite para eles por perdão. Não sei dizer se eles terão sucesso.

  • Meu futuro jaz em uma viagem espacial, minha nave seguindo um rumo pelas gravidades alheias, e até chegar, assim como tudo nesse universo, ser sugado pelo buraco negro. Mas ainda assim esperando pelo depois, pelo que está mais ao sul do que o pólo sul.

  • Meu futuro jaz em uma lápide que, para contrariar os escritores de qualquer história, não possui epígrafes.

  • Meu futuro jaz em uma lâmpada acesa, e que jamais se apagará.

  • Meu futuro jaz na fidelidade que só não morreu porque não foram extintos os cães.

  • Meu presente jaz num passado que virou futuro. Vive na asa de um urubu escrevendo na areia do céu que a liberdade é uma prisão. Areia que vem a onda de vento e faz sumir essa caligrafia. Efêmera, como tudo na liberdade.


Querido é o periquito que não pude domesticar, o cão que fugiu de casa, a música que fugiu de meu controle, a vida que morreu nas minhas mãos. Eles não gritam para mim. Ela não me chama de assassino.

É o silêncio do futuro que eu profundamente respeito. O passado, minha infância, as poesias que ninguém tem interesse, minha vida já sem mim, estes posts sem início meio fim concisão "fundamento", este pássaro que gera os ventos. Eles dançam respeitosos ao redor do que eu ainda serei, e mais nada posso falar a respeito deles. Não em palavras, nem em silêncio.

music of the day: (Traditional) - O Death!


"Os amores são como impérios: desaparecendo a idéia sobre a qual foram construídos, morrem junto com ela."
Milan Kundera

sábado, março 05, 2011

write it!




Como é doloroso o escrever. Dor de fadiga e de poesia, de quem quer estar dentro daquilo e não em sua descrição – saudade.

Dor é também falta de dor. Dói não sentir falta, dói conhecer sua própria frieza e perceber que tudo o que não sentes é dor.

Dói ver a ventura dançar, de olhos fechados e sorriso de monalisa, como se ela não fosse material. De cores abaladas pela própria existência que precisam se agitar com o som, como se fosse água sacudida em uma nervosa garrafa. Dói, pois vc em parte é o que vê, e não sabe por que a sinestesia lhe domina e você precisa canalizar. Dói não escrever.

Este não é um post tardio. Esta é a hora dele, pois as anteriores precisavam não existir. Não pense vc que é uma desculpa, é só aquilo que os realistas não chamam de destino. É sua existência e a falta dela antes e em outra possibilidade que dão sentido ao que existe. E o que existe hoje (e/ou sempre) é a dor que o tempo trás e leva, como quem deixa cair ácido sobre sua calçada, pega o que restou e vai embora sem pedir desculpa. Dor que não dói, visto que meu corpo não sente nada. Mas tamanha, que me faz escrever.

E por saber que o que é dor, induz-se que o amor é dor, que só não é sentida quando a reciprocidade é cumprida. De outra maneira, qualquer forma de amar implica o sentido da dor. Inclusive o não-amor. Amar é uma forma de doer.

Cantar é uma forma de amar.

Dançar é uma forma de cantar.

Escrever é uma forma de dançar.

Ver é uma forma de escrever.

Vi o amor. Não escrevi o não-amor.

O tempo estático se enche como rio represado. O amor e o não-amor eram como duas estátuas em movimento. Duas mulheres vestidas de cor dançando a música que explicam sem serem palavras todo o sentido da vida.

...
(o artesanato é de Letícia Baptista ”Bapi” e as fotos são daqui.)

music of the day: Pomplamoose - Nature Boy

Seu navegador não suporta o vídeo.


"The greatest thing
You'll ever learn
Is just to love
And be loved
In return."

Trecho da música acima

terça-feira, março 16, 2010

Sing it!

O que se deseja escrever aqui é o que o homem não escreve, que nem Manoel de Barros. O que se deseja cantar aqui é um texto, com melodia, cor, textura, bom sabor e de bela imagem esculpida, e movida em épica história de amor, guerra e paz, seja movida em quadros ou em frames.

Mas não é possível, querido senhor empoeirado, pois teu postador é um pé-rapado. Não. O que se quer desejar é tocar o substantivo abstrato. Mas não se pode tocá-los, pois não posso sequer tocar o meu adjetivo.

O que se deseja é cantar.

Porque cantar é como se fosse não morrer.

Como se pudesse não esquecer que viver, mesmo só, é que tem mais razão.

Cantar como o artista quando coisa.

Quando a cada frase melódica jogasse enxada na terra. Jogasse a semente, e a enterrasse, molhada, e esperasse.

Esperasse como quem espera o navio, avião, trem, carro, ônibus, um ponto no horizonte, o segundo no tempo.

Mas não adianta. Não chega.

E continuo ainda assim a cantar. Porque cantar é mais do que lembrar, ter tido aquela semente, esperar, sonhar...

Canto neste blog como quem não quisesse se importar do que os homens se importam. A começar do tempo. A terminar do sucesso. Como quem quisesse a morte, sem se livrar da vida. Todos fazem isso, dizem, mesmo sem dizer, o q ser. E veja como são felizes com isso!

É para isso que eu canto. A felicidade autêntica. A capacidade de não se importar. A liberdade de si mesmo. O livre-arbítrio que Deus nos deu. Cantar é ter o coração daquilo.

Cantar neste blog o que não é meu. O que é plagiado. O que a ninguém interessa.

É para desprezar o cultural (que importa que isso seja um blog, um caderno, areia na praia, fumaça no céu, letra de música, fofoca, seja lá o que for?), e o biológico. Cantar o que está fora disso. Cantar o futuro, que é o que é daqui a um segundo de quando estiver pensando esta frase. (Por que achas que este blog se chama assim?)

Cantar para além dos homens e de suas estúpidas sabedorias. E não parar, irresponsavelmente. É preciso não morrer, para não morrer só.



music of the day: O que te faz assobiar quando nem percebes.

"I remembered once, in Japan, having been to see the Gold Pavilion Temple in Kyoto and being mildly surprised at quite how well it had weathered the passage of time since it was first built in the fourteenth century. I was told it hadn't weathered well at all, and had in fact been burnt to the ground twice in this century. "So it isn't the original building?" I had asked my Japanese guide.
"But yes, of course it is," he insisted, rather surprised at my question.
"But it's burnt down?"
"Yes."
"Twice."
"Many times."
"And rebuilt."
"Of course. It is an important and historic building."
"With completely new materials."
"But of course. It was burnt down."
"So how can it be the same building?"
"It is always the same building."
I had to admit to myself that this was in fact a perfectly rational point of view, it merely started from an unexpected premise. The idea of the building, the intention of it, its design, are all immutable and are the essence of the building. The intention of the original builders is what survives. The wood of which the design is constructed decays and is replaced when necessary. To be overly concerned with the original materials, which are merely sentimental souvenirs of the past, is to fail to see the living building itself."

Douglas Adams , Last Chance to See

terça-feira, maio 26, 2009

reign over it!


Parte I

Seu reino, qual formato tem?
É vertical? Sem gravidade?
Maior que um planeta? Preso em uma garrafa?
Como andam seus habitantes?
São eles só você? São povos sem fim?
Seu reino... Ele tem quantos nomes? Nenhum?

Como é seu reino?

Alguns chamam seus tijolos de versos. outros de dias vividos. outros de matemática pura.
Suas casas podem ser só de invenção, ou sem forma.. Ou são concretas, vivas na Terra.
As vezes, suas ruas são de gente, são de foguetes, de cometas, de fantasmas, de balas de canhão, de dias seguintes, íngremes.....

Mas eles reinam. Todos têm reino. Todos.
Quer queiram, quer não.

Como são as relações internacionais de seu reino?

...
Parte II

Meu reino possui um tempo rebelde sem-causa.

Meu reino possui 4 minutos de idade. E mais de 400 reinados e regências corridos.

Você vê aquele casal, se segurando passionais e contra a ventania, enquanto amanhã nunca se conheceram. Ontem eram avó e neto? ou seriam marido e mulher? ou irmão e irmã?

Os velhos na praça comentando entre si sobre a pelada, as jogadas, os montinhos que fizeram qd muito crianças, completamente esquecidos do que conta os jornais do dia.

Sinais dos fins dos tempos aparecem de uma hora pra outra, repentinos, assustadores nos céus, cada um apontando diferentes acontecimentos, cada um levando a diferentes conclusões.

As antenas televisões, rádios e internets recebem informações do passado, presente e futuro. Estão em estática. Principalmente aos domingos. Os mais atentos são os que têm memória mais fraca.

Meu reino não tem mar. No entanto, todo ser vivo, desde os vírus e células até os sábios e os estrangeiros de outros reinos, sonham com o mar. E todos acordam desejando, ardentemente, estarem em um cais, em um navio, pronto pra partir.

Meu reino tem o tamanho do mundo.
E suas ruas estão mapeadas nas digitais da palma da minha mão.

...
Parte III

Como termina o tempo alinear? Basta desinventá-lo.

Assim como nos sonhos: contos, obras de arte, histórias, crenças, crimes, amores, talentos, ciências, maravilhas... Tantos, todos os dias são criados, e todos os dias se esfarelam e são jogados ao vento durante o despertar.
E terminamos não nos incomodando muito com isso para não enlouquecermos.

Tudo é desinventado.

Em meu reino, os velórios são em maternidades. Pois, como dito, o tempo é feito ondas à beira-mar, que podem ou não trazer-nos de volta o que se perdeu.

A morte é filha do tempo, e fruto da desinvenção.

Enquanto me for permitido, quando meu reino estiver ruído, comido pelas traças, enterrado na areia, fossilizado e esquecido, renascerá de volta o casal que primeiro viveu nestas terras, sem lembrar de nada, e levantarão o primero tijolo. Tudo terá outra forma, outra física, outra gente.

Mas de alguma maneira tudo está sendo guardado em um imenso pretérito, fazendo tudo, até minha diplomacia, fazer sentido.

...

music of the day: Milton Nascimento & Lô Borges - Clube da Esquina n. 2


"Time is just something that we assign. You know, past, present, it's just all arbitrary. Most Native Americans, they don't think of time as linear; in time, out of time, I never have enough time, circular time, the Stevens wheel. All moments are happening all the time."
Robin Green and Mitchell Burgess

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domingo, dezembro 28, 2008

search for it!

Na poesia, o mundo se deita. Se espreguiça, se descontorce e se estica, como se quisesse alcançar tudo dela, de um ponto a outro.

Se alcança? Sei lá! Ela q vem a todos, recebe qualquer coisa e nada rejeita. No meu caso é meio complicado. Ela bateu na minha porta, entrou sem esperar olá, deitou-se em minha cama e abriu as pernas. E eu fui e me sentei na frente da televisão.

Aí ela se magoou pq eu me magoei com sua perversão e até agora só tenho uma foto dela. Sozinha. Eu que bati, sempre digo. Só.

Com a poesia o mundo se deita. Fazem sexo e fazem amor, sem repetir necessariamente esta ordem. Se descobrem cúmplices ante a não-magnitude do universo que os envolvem, a arrogância da ciência que sempre quer explicar tudo e a gloriosa sensual e democrática burrice. Se alguém os descobrem juntos, vem a polícia do carma e os prender separadamente em suítes de luxo ou em sonhos quimicamente sintetizados.

Pela poesia, o mundo se deita. Dorme. Se deixa adoecer e espera a morte chegar. Antes disso, seu corpo reage. Destrói suas hemácias e vírus, sem saber quem é quem. O mundo está inflexível e não mexe. Sabe que seu corpo precisa se defender por si só.

E a poesia, de alguma maneira, vai sendo salva. Se ele reagisse, aqui seria só um deserto ateu feito de bruta realidade.

Para a poesia que o mundo se levanta, só.

De poesia, o mundo se veste. De poesia, o tambor do mundo é feito. Ou um pandeiro. Pele, couro, roupa, baqueta, cavaquinho.

Samba no tamanco sozinho e azul em um raio de luz, este planeta. Samba precisando urgente de um par. Porque quando pára de sambar,

Sobre a poesia, o mundo se deita e dorme.

Algum planeta alien se candidata?

music of the day: Tom Zé - Sabor de Burrice

"
That's here. That's home. That's us. On it everyone you love, everyone you know, everyone you ever heard of, every human being who ever was, lived out their lives. The aggregate of our joy and suffering, thousands of confident religions, ideologies, and economic doctrines, every hunter and forager, every hero and coward, every creator and destroyer of civilization, every king and peasant, every young couple in love, every mother and father, hopeful child, inventor and explorer, every teacher of morals, every corrupt politician, every "superstar", every "supreme leader", every saint and sinner in the history of our species lived there - on a mote of dust suspended in a sunbeam."
Carl Sagan

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quarta-feira, novembro 05, 2008

feed it!



Corre corre corre e sente o vento lutar contra seu rosto. Luta luta luta onde vc sequer sabe quem deu o soco no seu rosto, nem mesmo se foi vc. Ouça olhe sinta. Quem não segura sua coluna? Postura!

Poste seu nome em algum lugar que te eternize. Não uma lápide, mas uma placa, um copyright, a memória de quem nem goste muito de vc. Feche-se em seu casco e dirija seu íntimo para o que deve. Abra-se e fale com coerência. Aja como se vc fosse qualquer um, não vc mesmo. Faça roteiro de suas falas enquanto estiver no celular. Ensaie. Apaixone-se e diga em voz alta o que quer. Mesmo que isso lhe soe terrivelmente ridículo. Goste, mas goste vc mesmo, vc n sabe q n precisa fazer os outros entenderem pq aquela frase sonora te diz tanto? Vc sabe como dizer isso? Então nem tente. Ó a tentação!

Religião é o ópio do mundo! Deus é um delírio! Vc não vê as evidências? Ponha teus argumentos em dia! Leia o jornal e informe-se das opiniões dos jornalistas sobre as opiniões do povo. Cadê o lápis? Cadê a folha branca? Roa todas as peles e unhas dos dedos até que caia alguma gota de palavra....

"eu"


"eu"


"eu"


"eu"


"eu"


e faça oceano e obrigue o pobre leitor a navegar de jangada, com ironia salgando terrivelmente seu corpo, e quase afundando nas marés de auto-piedade.

E constrói seus castelos de areia, com torres, relógios, escadas em espirais, calabouços, portões levadições, salões, quartos, fossos em que aríetes nenhuns possibilitem uma invasão.

Sorria. Espume e se vingue. Gaste milhões para ganhar milhões. Caçe. Tenha fome, muita fome. Não seja depressivo! Não seja triste ou melancólico! Trouxa! Nâo faça paradoxos! Sempre tenha razão!

Tenha a lembrança atormentadora em sua cabeça pra se lembrar do erro. Até onde não precisa. Converse com vultos. Organize cuidadosamente planos noturnos de como dominar o mundo. Esqueça todas as manhãs. Esqueça todas as manhãs dos sonhos que você tem, do que vc quer, do que vc é, do que vc merece ser, do quão cego vc, como homem ou mulher que é, está sendo.

Não explique, nem sequer pra você mesmo, o que vc escreveu. Apenas jogue teus imperativos no liquidificador, bata bem, e os dê de alimento para os peixes.




...

music of the day:
Heartless Bastards - Valley of Debris

(Desculpem-me a qualidade do vídeo)


"
Ensinamento


Minha mãe achava estudo
a coisa mais fina do mundo.
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão,
ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo. "
Adélia Prado

terça-feira, setembro 09, 2008

color it!

Devia ter vergonha, eu, não haver posts DESDE FEVEREIRO! Era muito mais honesto ter fundado outro blog!

(fundar.
do Lat. fundare

v. tr.,
estabelecer os fundamentos, pôr as primeiras pedras, os primeiros materiais para qualquer construção;
edificar, erigir, construir;

fig.,
instituir, inaugurar;
firmar, apoiar, basear;
sondar, aprofundar;

pop.,
pôr tampos (em tonéis, pipas, etc. );

v. refl.,
fig.,
apoiar-se, basear-se, estribar-se.
)


Pensando bem, honestidade não é minha praia. Não que queira dizer que eu seja desonesto. Para o bem da verdade, este blog merecia este post. Ele nasceu de lá, cedo de manhã, me viu no alto e lá embaixo e sempre esteve aqui com 1 ou dois comentários por post e 1 ou 2 posts por mês. Ele sou eu ontem, anteontem, provavelmente amanhã, e tudo o mais, e tenho certeza, certezacertezacerteza que eu sou eu mesmo de qualquer outra hora. Sem dúvida diferente. Mas o mesmo.

Então o que eu tenho que dizer a meu querido diário? Primeiro, desculpe, embora isso não adiante em absolutamente nada, e segundo que eu terminei a faculdade, e é isso.

Aqueles ventos de posts atrás sopraram na minha janela.

E agora?

Tudo entrará em technicolor? Ou tudo voltará ao black & white? Voltei pra minha casa? Terei de procurar o mágico de Oz?

Isso tudo não merecia versos?

Mereciam. Toda minha petulância agora se encheu em minhas veias e tomou todo o lugar da poesia.

E agora veio o vento bagunçar tudo e me fazer mudar, que nem Dorothy ou qualquer outro personagem de qualquer história.

Este post é só isso. Eu tenho vinte e seis anos, hoje. Toda culpa que sinto acerca da imaturidade é planta que semeei, e Deus sabe se é tudo. De minha cabeça só existem interrogações. De meu coração só vazio. De minha pele gordura, cravos e caspa. De meus olhos sono. Como fazer versos?

Fazendo. É necessário fazer arte, senhoras e senhores. Eu estava num restaurante com ana e ela falou de uma capa de CD que a ofendeu pq se parecia com uma parte do corpo que por algum motivo é chamado pelos arcaicos de "vergonha" . Não disse assim, mas deu a entender que a ofendeu. Eu falei a ela que aquilo era Arte e por isso as vezes choca. Ela olhou pra mim e disse que desse a ela uma dança de patinação no gelo e ela mostraria o que era arte, e eu dei de ombros e disse que aquilo também é arte, mas aí ela já não prestava atenção.

Arte tem a mesma qualidade de definição que quente e frio. Arte não é algo por si, mas algo que move aquilo que é algo por si. Arte está na poesia, na música, na dança, na cinematografia, na fotografia, no texto, na cozinha, na corrida, no jogo de cartas, de tabuleiro, na matemática, na física, na ciência, na marcenaria, na mecânica de automóveis, na medicina, na engenharia de construção de um prédio, na construção de um prédio, num prédio, na programação, no crime, na......... Quando se diz estado da arte significa dizer o estado em que se encontra a "ciência" daquilo (aspas para as palavras convenientes, não sendo necessariamente verdadeiras, sim?). "Este novo televisor em OLED reflete o estado da arte em tecnologia de projeção".

Arte. Não é dadaísmo, mas sim, gasolina (da aditivada até a alterada). Faça arte, no trabalho (literalmente) ou em casa (não-literalmente), a fim de voltar à sua infância e tentar, só tentar, resgatar sua criatividade. Existem poemas que não são arte, existem programadores que são (ou pelo menos se sentem como) artistas em C++. Uma capa ilusória e provocativa é arte, uma capa de cd de aline barros, não. Alpha Centauri é próxima do sol. De onde você está olhando a Alpha Centauri? Daqui é longe demais. De lá do cruzeiro do sul são vizinhos. O que é arte?

Artecombustaparameuparadeiroofoguete quepulaeco rre corre c o r r r e
p



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rrrrrrrrrrrrrrr





a




a

q
u
ele
sorriso
sonso e desligado (ou não estaria de perfil) da lua.

Quero sorrir, e ando em dúvidas, diário, mais do que nunca estive, e meu coração pede, implora, pranteia-se, rasga-se por fome. Minha consciência, de Deus. E minha tranquilidade, de salário.

Preciso da Arte para o sentido inverso, meu querido, pois eu já li quadrinhos por demais.

(mas acho que antes, acho que preciso de fazer umas viagens.)

music of the day: Victor Wooten - I Saw God

"Predição é muito difícil, especialmente sobre o futuro."
Niels Bohr

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terça-feira, fevereiro 19, 2008

see it throught the silver mirror!

Hiatos tocam trombetas, pimentas malaguetas, e eu fico a achar que posts vêm sozinhos. A língua vêm sozinha. Idéias voam ao redor de sua cabeça e ela só escapou do seu tapa por que você não foi rápido o bastante.

Não voam. Não vêm. A palavra é um espelho de prata, refletindo a lua nova na madrugada e você se esforça para se enxergar antes de desistir ou não, dependendo do quanto você está acostumado a enxergar na escuridão.

Não pense, leitor, que enxergar na escuridão requere apenas olhos atentos e pacientes! Não pense que é só uma estrofe bonita quando Chico canta:

"Mesmo que você feche os ouvidos
E as janelas do vestido
Minha musa vai cair em tentação
Mesmo porque estou falando grego
Com sua imaginação
Mesmo que você fuja de mim
Por labirintos e alçapões
Saiba que os poetas como os cegos
Podem ver na escuridão
E eis que, menos sábios do que antes
Os seus lábios ofegantes
Hão de se entregar assim:
Me leve até o fim
Me leve até o fim"


Já não sei onde está o banditismo na fala que me fazia ao menos versar. Já tenho batido muito minha cabeça nas paredes deste lugar. Não posto por não ter o que dizer, e isso é justo.

Não há nenhum desejo de matar este blog, honestamente. Tenho esperado palavras e elas não vieram, pelo menos na hora certa, pois elas não vêm. Eu que tenho que ir a elas, sendo humano o bastante, mais do que eu sou, todo fraco ante tentações. Sou eu que, homem feito, não pode deixar de deixar a coluna, que se curva sem se notar, reta.

A tristeza e a solidão não me bastam como post mais. Isso é para quem não quer chegar às verdadeiras palavras, ou enxergar a escuridão. Hoje não vi, por exemplo, o quanto enrolei para chegar até aqui.

Para se enxergar na escuridão, é preciso todos os 6 sentidos. Para te enxergar na escuridão, preciso de 6 sentidos. Para vos enxergar na escuridão...

Eu desejei para 2008, Paixão, Perseverança e Paz de Espírito.

Por isso o post abaixo que terminei não finalizando antes, e, infelizmente, ainda é verdade.



Hiatos comprovam o quanto eu tenho deixado de escrever. Onde estão os curtos papéis sujos de anotações estranhas, lunares e carregadas de significados? Onde estão os versos que surgem durante as passagens de ônibus? Cadê o devaneio perfeito?

Eu me digo onde está! Está exatamente nas suas costas, preso. Você não encontra porque qd se vira, ele acompanha. Suas mãos não alcançam pois não é de sua anatomia conhecer o que há atrás de você. Mas não quer dizer que você não possa alcançar...


Mas, convenhamos, este período até que não foi ruim. Sempre te dizem que quando você se esforça, consegue se virar... Mas qual o sentido disso tudo? Aonde quer chegar?

A preguiça ainda vive, com charutos acesos e pantufas sobre carpete carmesim. Ele lança sua sombra sobre mim, como a um homem sobre o palco olhado sobre um filtro negativo. E você é o único culpado por deixá-lo assim folgado.


Tudo o que vejo é um homem que não sabe que cresceu, ou não quer saber, ou não consegue mesmo.


Crítica. É preciso treinar sua auto-afirmação e sua postura e disciplina com críticas.

Sê forte!




music of the day: Spoon - The Underdog



Tatsuya Ishida - www.sinfest.net

quarta-feira, outubro 31, 2007

find it's path!

O mundo...

Situações delicadas compõem um labirinto torto e efêmero que se transforma no que chamamos... eu chamo... chama-se de mundo. Situações delicadas precisam de um número. Um certo x, sendo que f(x) possa tender para a realização ideal causado por esta situação delicada que gera essa função. Ou que estivesse à mercê desta função... não importa. O mundo precisa de número para representá-lo, a cada segundo. Ninguém consegue calculá-lo de uma vez. Ninguém sabe como calculá-los. Mas ele existe (bem como a matemática existe, ou filosofia). Fatalmente.

O mundo gira gira gira e situações delicadas giram com ele. Gira em torno de si, gira em torno de um ponto alumiador e mil vezes maior que ele, gira em torno de um ponto tão longínquo e tão negro como uma situação absurda, gira em torno de um ponto imaginário que não sabe nem onde está mas que se sabe que é o centro de um universo... O mundo gira tonto e direto e a arte gira com ele.

Arte... Essa entidade cheia de auto-piedade e fogo, que não sabe onde quer chegar mas é entupida de tanta inteligência, precisa, quer e só sabe criticar. Criticar o mundo, seu giro, sua reta, seu início meio e fim. Critica até não poder mais, onde aí começa a criticar-se a si, e criticar seus artistas, que começam a criticar, e quando críticas já não fazem mais efeito, desinspiram.

Desinspiram o autor.

Que ele só faz escutar e escutar e escutar e escutar e escutar e escutar e escutar e ouvir que é bom, não ouve. Ou ouve, mas não segue em frente. Desinspiração.

Desinspiração essa ao autor, também, que não tem crítica.

Situações delicadas compõem labirintos aos filhos do mundo percorrerem. Eles acham que não, mas também fazem parte do mundo. Têm força e arte, mas precisam de críticas. A arte do mundo também faz parte do mundo.

...

Preguiça. Tudo sai pela tangente, ou é esmagado pela gravidade, se a ciência comprova (porque ela existe tanto quanto a religião) que o atrito é exercido sobre todos os corpos, inclusive o espiritual. Crítica ao autor que se desinspira pela arte ou pela ciência, sendo as deles dominadas pela preguiça e pela doença do mundo de se precisar criticar. Mundo este que o autor vai deixando de ser parte, perde completamente a noção da variável 'x' e se diverge ao infinito pelo eixo 'Tempo', em ordem exponencial, e jazerá no brilho eterno de uma mente sem lembrança... de alguma estrela lá no céu... do fim.

..

music of the day: Yoko Kanno - Amore Amaro

Quino

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quinta-feira, setembro 20, 2007

fotograph it!

ou Antiflog...

2 fotografias que não bati (Sem contar com o Abaporu):

1. Um rapaz com cabeça raspada vestido de preto com roupas de frio meio esfarrapadas, com diversos piercings sobre o rosto e o corpo completamente tatuado com formas estranhas e padrões e detalhes que é preciso certa dedicação para saber o que eram, e ouvindo muito atentamente com outro rapaz vestindo um chapéu de pano com cores vivas e cheias de broches, além de roupas de frio também de cores muito vivas e, se não me engano, com uma elipse vermelha em cada bochecha como palhaços em serviços de última hora. Este falava baixinho ao homem de escuro no meio da como se contasse segredos de seu mundo ao outro e planejassem fazer coisas ilícitas entre suas tribos, como fazer amizade e bagunçar com as diferenças do mundo inteiro.

2. Uma senhora com uns relativos 40 anos, provavelmente alta, vestida muito bem, com cabelos muito claros (acho q oxigenados) e com franja e cortados retos na altura de baixo dos ombros, dirigindo um taxi na noite do centro de Buenos Aires com 3 senhores vestidos normalmente de maneira que poderiam muito bem ser eles os taxistas e ela sendo a passageira, e me fazendo me perguntar quando tinha visto uma mulher taxista pela última vez.

...

music of the day: The Bellrays - Time is Gone

"Eu odeio a indústria do cinema porque se eu faço uma péssima história em quadrinhos, ele não vai custar cem milhões de dólares que é mais que um orçamento de um pequeno país do terceiro mundo. E isso é dinheiro que poderia ser usado para aliviar um pouco do imenso sofrimento neste mundo, mas que ao invés disso, é gasto dando a entediados, apáticos, preguiçosos e indiferentes adolecentes ocidentais outra maneira de matar 90 minutos de suas intermináveis e pelo jeito inúteis vidas."
Alan Moore

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quarta-feira, agosto 22, 2007

hasta la vista, B.A.by!



Feira de San Telmo:


Shopping mais caro da cidade (depois edito pra botar o nome q esqueci):
Galeria Pacífico:


Perto do hotel:


Avenida de la Liberdad (não, não é uma praça, é uma avenida mesmo):


Café Tortoni, com Jorge Luís Borges e Carlos Gardel fazendo sala nas minhas costas:


Gotham City de dia... parece né?


Porto Madero:


El Grand Ateneo:


La Catedral:


Florida (acho que apareçemos no reflexo.... acho...):
Rosa Floralis:


O Abaporu ^^:
Foto que não pude tirar =/

Bairro de La Boca:


Acho que é Palermo... Depois eu edito corrigindo:
Palermo Vejo:


Rio da Prata, que um dia hei de cruzar:


Um jantar muito curioso (e farto):


Delta do Rio Tigre:


Feira de San Telmo, novamente:


Uma Araucária ^^:


Faltou muita coisa... deixa pra próxima? =]~

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terça-feira, julho 31, 2007

look outside it!


Você olha para os ventos e coloca as mãos nas nuvens
Deitada sobre a grama, pensando em como é estar no chão da lua
Não olhe tão firme para o céu, garota
Ponha as mãos no chão, você pode cair pra cima!...

E agora? Eras tão segura no chão...

Azuis são o mar e o céu,
Qual é a diferença?
Debaixo do oceano, somos peixes
E sobre as nuvens, somos satélites
Assim nos movemos, qual a diferença?

Ponha tuas mãos no chão.
Teu futuro jaz
Em uma viagem espacial
Rumo aos corais mais bonitos.

...

(Falando em viagem:
Debaixo deste universo
Muito muito longe
Há outro universo
E mais outros universos?
Ou este é um universo,
assim como a Terra é plana
E para qualquer direção
Que um imortal tomar
E seguir em linha reta
Ele voltará algum dia
Para o ponto de onde partiu?

Se o universo é um planeta de 4 dimensões
Como saltar de sua incrível tangência?)


Foto de Júpiter tirada pela Voyager I

music of the day: Habib koité & Bamada - Batoumambé


"There is a theory which states that if ever anybody discovers exactly what the Universe is for and why it is here, it will instantly disappear and be replaced by something even more bizarre and inexplicable. There is another theory which states that this has already happened."
Douglas Adams

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sábado, junho 30, 2007

go and get it!



Escrever.

É necessário escrever.

Mas não só palavras.

...

Olha a que me reduzi!

alguém apressado para fazer um post mensal qualquer...

Onde está a força?

Guardada talvez em outra força de produção...

Aquela...

... A que move o mundo e minha vida ao mesmo tempo.

...

Um dia eu volto à velocidade constante.


music of the day: Thom Yorke - Harrowdown Hill

(eu sei que já pus essa música antes, mas é por causa do vídeo tb... e pq é muito boa)

"Em nosso mundo as pessoas não sabem o que querem, mas estão dispostas a ir até o inferno para consegui-lo."
Don Marquis

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quarta-feira, maio 30, 2007

love it madly!

Amor é uma tapa
Quente e barulhenta.
Vira a face e receba, idiota.
Que vai ser você agora?
Decida se a mão apedrejada
Aparece vermelha te afagando
Ou se repulsiva te afasta.

O amor é um estranho
Que chegou aqui em casa!
Veio pra mim e disse:
"Estou aqui ao seu lado"
Eu desprezo dúvidas
Me corrôo em súplicas
E ele não sai do meu lado!

O amor é um deserto
De dunas de fogo e sombras glaciais
Caravanas passam muito, muito longe
Miragens são sonhos por aí a vagar
Onde fostes me atirar? Como parei aqui??
Ventos são vozes da solidão me aperreando
Tu és o dromedário que me escapuliu.

music of the day: Cake - Love You Madly

"O Caminho que pode ser verbalizado não é o Caminho eterno.
O nome que pode ser falado não é o nome eterno.
O Indizível é a origem do Céu e da Terra.
O Nomeado não é senão a mãe de dez mil coisas.
Em verdade, somente aquele que livra-se para sempre do desejo pode ver as Essências Secretas;
Aquele que nunca livrou-se do desejo somente pode ver as Consequências.
Essas duas coisas provêm da mesma Fonte; todavia são diferentes na forma.
Essa Fonte só pode ser chamada de Mistério,
A Porta entreaberta de onde emergem todas as essências secretas."
Lao Tsé, Tao-te Ching

quinta-feira, abril 19, 2007

go down it's river!



Não sou de fazer homenagens. Na verdade, nem sei fazer homenagens. Não sei se é porque eu acho uma coisa dificílima elogiar, ou se é pq acho que isso não é pra ser feito assim, de qualquer jeito, da mesma maneira que não se deve dizer "eu te amo". Amar é, dependendo da pessoa, foda! A pessoa se dar assim se perde fácil. É preciso maturidade para amar.

Na foto há meu pai (quando eu bato foto quando também pretendo aparecer, ele muitas vezes aparece assim, se esforçando pra aparecer. A gente acha engraçadíssimo. Ironia ou não, quem teve aulas de fotografia foi ele. Mas isso foi a muito tempo. Hoje a gente tem aula de bom humor e ciência e Deus com ele. E gentileza tb).

Há também mãe (Ela aparecendo rindo e rindo deliciosamente sempre faz da foto uma foto muito melhor. Ela não faz a menor idéia de como é difícil ser como ela. Talvez por isso que é melhor que ela não faça mesmo. Ela também talvez ache que é melhor que ninguém seja como ela, mas eu não acho. As pessoas que mais admiro, e as pessoas que mais são admiradas que eu admiro ou goste muito tem um ou mais traços dela. O único problema é que a área se encaixa muito com o cotidiano, então ela fala muitos termos próprios que me confundem bastante. Mas sei que não é Complexo de Édipo eu dizer isso, devo sublinhar).

E há também minha irmã (Ela tem objetivos bem definidos. Um deles é tentar ser pai e mãe e ela mesma ao mesmo tempo. Ela tem conseguido cada vez mais. Ás vezes, talvez por isso, tem um hábito terrível de ordenar. Foi dela que peguei esta foto. É dela que tento pegar um pouco também essa coisa de dividir e compartilhar. O termo irmão, sabe? esse mesmo).

E há eu, tentando viver por mim mesmo. Eu escolhi assim desde que nasceu meu eu mais egoísta. Só que quanto mais desvinculado eu vou, mais ligado eu fico a eles. É comum talvez reparar essas coisas. Só que eu não sei por que quanto mais perto ficamos, mais as coisas desimportantes ficam em evidência, e por outro lado as coisas mais importantes ficam mais evidência quando estamos longe... Bom, o porquê não sei, mas imagino que seja melhor assim.

...

Se reparar bem, a foto foi tirada em um barco correndo em um rio. O rio é um objeto de inspiração bastante comum e muito frutífero. Pra mim, sempre me soou como Tempo:

Nunca é o mesmo rio quando você olha mais que uma vez. Rio só pára quando seca ou quando é um lago de água. Nasce em uma nascente, singelo e puro, cresce como uma corrente, se desenvolve se juntando com outros rios e se tornando Uno, e morre se desaguando e se salgando. Rio sempre vai de um lugar alto e desce, ininterruptamente, até chegar no mar (quando é interrompido, forma lagos que podem, ocasionalmente formar outros rios ou pode ser ele mesmo um mar improvisado). Por sua vez, Mar é onde se diz ser a origem da vida. Em Ainunlidale, de Tolkien, a música criadora do universo ecoa um pouco nas ondas da Beira-Mar, e onde os monstros ganharam pernas, e de onde vieram os habitantes do mundo. Estranho o rio morrer onde tudo começa, não?

Rio é o que dá água potável, é o que faz as bacias, e é o q alimenta os interiores com a vida (água me soa como Essência). No rio, há peixes cujo sentido da vida deles é ir contra correntes irredimíveis e subir penhascos que descem, somente para chegarem nas nascentes e nascerem seus filhos, que, ingênuos e puros, descerão os rios, rindo do esforço que seus pais tiveram até perceberem que terão que fazer o mesmo. Se você polui sua nascente, você polui ele por inteiro. Rio dá direção e sentido. Rio tem começo e fim, mas nunca termina de ser rio.

Minha irmã nos abraça e eu perpetuo o instante batendo a foto e meus pais pagam. E nossos rostos estão assim. É por momentos assim que sempre espero. Estamos num rio e sabemos que um dia o rio desagua no mar. Mas o rio não deixa de ser rio. Por isso não tenho medo, pois eu sei que amor é isso mesmo:

É navegar o rio abraçado, não poluí-lo e perpetuá-lo.

...

(Eita, mas lá não era um braço de mar ao invés de um rio? An... Bom, deixa pra lá, o post tá feito.)

music of the day: Peter Gabriel - Mercy Street

"Pela profecia o mundo ia se acabar
Pelo vagabundo deixa mundo como está
Pelo ser humano pelo cano o mundo vai ou não
Pelo cirandeiro o mundo inteiro vai rodar

Ciranda por ti, Ciranda por mim
Roda na ciranda que é pro não virar pro sim
Ciranda que vai, Ciranda que vem
Roda na ciranda que é pro mal virar pro bem"
Eduardo Krieger - Ciranda do Mundo

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quarta-feira, março 28, 2007

word it!

Pensamento é uma coisa perigosa. Palavra faz do pensamento uma coisa mortal. Ação faz da palavra movimento, e todo movimento produz uma permutação de energias levando a algum caos. Um movimento de uma asa de borboleta na china pode criar um tufão na Inglaterra. Mas e se ela estivesse na africa? A tormenta que faria na groelândia seria menor ou pior? E como saber que tais perturbações foram produzidas por causa dessa borboleta safada?

A ação de palavrear seus pensamentos (seja lingüisticamente ou não) provocam uma reação chamada crítica. Por mais agitados que sejam os movimentos de tal ação, ás vezes ela não consegue causar a reação que deseja. E no outro extremo, tudo o que vc é, é um galho de árvore preso a um gatilho de um revolver apontado para um coração.

Por medo do que esses pensamentos possam se tornar, eles se transformam em segredos. Segredos são coisas mais perigosas ainda: os pensamentos ficam armazenados numa dispensa e ocasionalmente, a gt espera, ficam no fundo do sótão e nunca mais são encontrados. Mas as outras elas se tornam inquietas pelo calor, cozidas, beliscam o juízo em momentos tranqüilos e te deixam confusos nos momentos críticos. O não-palavreamento provoca ação da mesma maneira e vc não pode se espantar se ocorrer uma tormenta na frente da tua casa.

E tem os segredos que a gente mesmo produz e não contamos e então, sem motivo algum elas te machucam e machucam os outros.

Pessoas que produzem muitos segredos pra si são pessoas que não produzem ação.

Pensamento é uma coisa perigosa, mas as pessoas que não se deixam se guardar são mais felizes, pois suas ações não são como batidas de borboleta, e sim como secas no nordeste ou correntes marítimas. Machucam mais intensamente, mas por um breve período, e os outros sabem que causam as tormentas e sabem e sabem que as coisas boas acontecem por causa deles. São maiores eles, e eles não têm medo do que fazem, e eu os admiro muito.

...

E tem tb o silêncio, aquele que onde o não-palavreamento não se transforma em segredo, mas em ação......

depois!

music of the day: ( Amy Winehouse - You know I'm no good )

"Lutar pela paz é como roubar pela honestidade"
Millôr Fernandes - A Bíblia do Caos

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terça-feira, março 13, 2007

relax about it!

De passagem, a encruzilhada decide ficar no ponto tal do meu caminho.
Espera, de tocaia, sem que eu saiba, com três cartas escondidas na manga e uma pergunta que eu não conheça - supõe - a resposta.
Tal serelepe escolhe caminhos para se interligar. Uma encruzilhada dificilmente coloca becos-sem-saída. Perde a graça do seu joguinho.
Com astúcia, faz-me a perguntar questões que só um caminho saiba responder.



Tais encruzilhadas não são, como pensam, uma organização organizada, com o intuito de derrubar o governo do ministério essensciocrático vigente em meu coração.
É uma praga de cupim...
apenas.
Uma cultura. bactérias fervilhando meu corpo em febre de desespero e divisão e anarquia e caos.
Faz-me prostrar à medicina de qualquer espécie e ao rito de qualquer objetivo, em busca do barulho do mar que ouvi antes de nascer...
... e também muito antes mesmo de o mundo se criar e ser criado, quando o Criador o assobiava
lançando a Dúvida Suprema
para que, no fim, ele - o tal Criador - encontrasse, em resposta, para Si e para mim
Paz de espírito.

music of the day: Yoko Kanno & The Seatbelts - See You Space Cowboy

autor desconhecido

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sexta-feira, fevereiro 23, 2007

explain it!

Hoje comprei um vasinho com violetas. Violetas é o q diz o plástico q vem em volta, a cor é bem bonita, mas as violetas que conheço tem formato diferente. E não, não é de plástico, e pode morrer se não cuidar. E até desconfio mesmo cuidando pois não sei adubar num vaso tão pequeno, num quarto nada arejado, exceto por ventiladores, como o meu.

E aqui está ele em cima da mesa, ameaçado por minha posse. Aguar 2 vezes por semana, adubar uma vez por mês. Raios, qt de água é bom colocar?

Bom, desisti de comprar pizza e sardinha e comprei batatas e beterraba para o almoço para este fds.

Gostaria de ter falado com samir neste feriado. Queria saber o q dizer para Manoela. Poder dar tchau pra Camila que se vai. Queria ter combinado as coisas com Silvio e com Erick. Queria fazer (e saber qd fazer) o lual lá em casa em natal. Queria ter dito as pessoas da excursão que achei massa ficar com eles, sem exceção e queria ter sido menos estranho que o usual. Saber conversar. Cozinhar. Queria me formar - e me trancar e concentrar pra isso. Queria saber namorar.

Queria conseguir versos, descrever pq o carnaval foi melhor melhor que o anterior, saber programar rapidamente, escrever meu livro sobre Nara, zerar algum final fantasy...

Durante o carnaval, meu cabelo não coçava mais de caspa, não sentia mais nervosismo algum, me sentia livre, e livre tentei ser sem ligar para o desequilíbrio de meu poleiro. Não consegui, mas também não deixei de dar uma avoada. Nem quando meu novo celular velho de minha mãe foi roubado.

Agora eu voltei pra cá, e mesmo não tendo feito grande coisa, a caspa voltou forte. A cidade me dá abuso e tenho medo de estar estressado e ficar brigando besteira com Isaac ou Júlio.

Preciso terminar logo com os períodos. Não me sinto a vontade de comemorar nada, não sinto merecimento algum com uma formatura. Eu sei que ninguém há de repreender por nada desse mundo, mas ainda assim, eu sinto é vergonha, simples e quase pura, pois ainda se mistura com culpa.

Já houveram muitos posts dignos desde o último. Precisava me expor aqui, antes de o blogger achar que meu blog morreu. Preciso. É preciso reclusão de minha parte para achar alguma porção de felicidade que deve andar por aí. Achar esse passarinho feio que nem pardal. Feio e pequeno, e por isso, livre. Explicar pq meu relapso com amizades e relacionamentos. Não basta.

Quero terminar isso daqui tudo. Muito. Essa é a verdade.

Queria que a violeta não morresse.

music of the day: Habib Koité & Bamada - Kumbin

"Cada hora fere. A última mata."
Ditado antigo

sexta-feira, janeiro 12, 2007

want it!

Do que é feito o Nada? de absolutamente nada, claro! Se ele fosse feito de algo então ele não seria nada, seria algo. Então se o Nada é feito de nada, nem de supercordas ou subpartículas ou alma ou cheiro ou consciência, espírito, em suma, não é feito de algo que exista, então ele não existe. Ora, se o Nada não existe, então o algo - seu outro lado - não existe também, pois está claro que se uma coisa existe - vida, bem, liberdade, realidade, espírito, terra, paraíso, criador, etc... - seu oposto também deve existir - morte, mal, prisão, sonho, carne, ar, inferno, descriador, ponto.

Posto desta maneira e com esta contradição, o nada então existe, mas não é dado a ninguém o poder de saber o que o nada é ou do que é feito, pois entrará em eterna contradição, quem o procurar seguindo a lógica explicitada (acredito piamente que não é apenas esta lógica que exista como regra universal, ou pelo menos esteja severamente incompleta. Mas sou humano, e humildemente assim o serei neste con-texto.)

Quando uma pessoa diz que não sabe de nada, na verdade ele sabe sim, mas não sabe o que é, e repete para si mesmo que não sabe o que sabe realmente. Ou quando uma pessoa não diz nada, ela disse sim, mas nós repetimos para nós mesmos que ela não disse e, mais ainda, não sabemos o que ela disse.

O nada é um anti-algo, que não se pode dizer o que é, porque ele não é o que se diz, Seja lá o que for dito.

O nada, como significado, é perigoso. Não sabemos o que é. O nada é uma palavra sem tradução que usamos e abusamos, querendo dizer outra coisa. Geralmente duas: que é incerto, ou que é mentira.

Já é fim do décimo primeiro dia de 2007. 2007 é número do atual ano, um número postergado por uma das culturas da humanidade para dizer que o seu planeta deu a 2006a volta (não exata) ao redor de seu astro-mãe depois de um evento que na verdade não ocorreu neste ano, mas que, enfim, por si só, representa um fim de um ciclo. A essência é essa: terminou um ciclo, e portanto, já começou outro.

A humanidade aproveita este momento para querer finalizar o eles chamam de ciclo, dormir por uns minutos, abraçar seu amigo por outros, aliviar o desespero, dar um profundo suspiro e renovar a esperança, e, no fim, cometer os mesmos erros do ano anterior - ou não - de maneira diferente - ou não. É algo que se repete continuamente, um lugar-comum, hoje em dia o termo é "cliché", um termo francês que hoje em dia significa algo que, de tão repetido, perde o sentido original ou, pelo menos, sua força. Uma ironia interessante, sutilmente engraçada e sarcasticamente triste. Será que no futuro, este "cliché" perca toda força, bem como todos os "clichés" que hj existem? Será que a alma das pessoas, no futuro, até a novidade, a mistura, a criatividade, a intenção estará cansada de clichês?

(Alguns não pensam assim, pensam que o significado também é como originalmente era de fato, uma palavra onomatopaica que significa "estereótipo" ou "cópia". O que não deixa de ser verdade, mas eu sempre penso que uma coisa sempre e sempre copiada não será nunca o mesmo que o seu original, por mais perfeito que consiga ser. Mas eu estou com eles, apesar do meu pensamento, e gosto de estar nessa contradição. Vivam sempre os clichês! Sempre! Mesmo que sejam outros!)

Não importa. Hoje, com um ciclo inteiro pela frente e um clichê nas mãos, me sinto vazio, sem vontade nenhuma, querendo nada, selvagem feito um gato doméstico, sem memórias nem pensamentos, sem braço, sem perna, sem olhos e ouvidos e sem voz. Essa é a minha verdade agora.

Mas, como apontado, "nada" não é bem isso que as pessoas acham isso quer dizer. Eu só não sei o que é. Por isso, estabeleci que o que eu quero é que um cometa caia sobre mim, e que eu viva com a mudança que me acontecer.

E que, enquanto não acontecer, estarei pouco acordado, pouco ciente, pouco disponível e bem descontente neste 2007, pois eu tenho um objetivo. E se, nem esse objetivo me fizer levantar e crescer, que a mudança que este cometa traga seja a morte.

E tenho dito.

music of the day: Ambulance Ltd - Stay Where You Are

"Essa não é a musica que os arcebispos ouvem quando estão fornicando
Esta não é a música que as enfermeiras ouvem quando estão matando

Qual será esta música?
Quem ouve esta música?
Pra que serve esta música?

Esta não é a música que os jornalistas ouvem quando estão mentindo
Esta não é a música que os suicidas ouvem quando estão caindo

(Laing, Chessman... farão música pop
Warhol, Kubrick ... farão vídeo clips
Sandino, Marcos... milhões de heróis se acotovelam em nossas telas
e nós os velamos em nossas salas chupando balas)"
Mundo Livre S/A - A música que os loucos ouvem

segunda-feira, dezembro 11, 2006

aim it!

Veja só, eu não conheço profundamente a ciência do sonho, mas como um bom cobaia que sou (cobaia é masculino, feminino ou de 2 gêneros? Todos estão estudando português, e me vejo um atrasado plenamente agora) posso dizer que existem ao menos 3 estados do cérebro: "pensando","meditando" e "sonhando".
  • ao meditar, não há pensamento, ou pelo menos não é isso que ele está priorizado pra fazer.

  • ao pensar, o pensamento trabalha, mas não é ele que está tomando conta de você.

  • ao sonhar, ele toma conta de você e trabalha tanto por ter que controlar você que quando acorda, seus pensamentos ficam confusos, tentando lembrar até onde você está.

É incrível que haja uma pessoa por trás do seu cérebro que é você mesmo. É incrível e assustador que a gente fique em outros lugares, inclusive onde nunca vimos, vendo pessoas que nunca vimos e sentir e fazer coisas que nunca sentiríamos ou faríamos, a cada noite que passa. E porque é tão difícil de lembrar de todas essas coisas? Isso é muito metafísico para mim. Meio inacreditável se não fosse meramente cotidiano.

Mas existem outros sub-estados, alguns que fazem uma mistura entre esses estados, outros que envolvem uma outra parte que poderia ser tanto cerebral como mística que é o coração.

Se coração fosse um cargo público, seria a maior ingratidão do mundo, assim como é o papel de um programador. Por que programador? Porque essa é uma disciplina em construção: Tenta-se fazer programas assim como engenheiros fazem suas engenharias, mas não se consegue. Você pode fazer programa de qualquer coisa, mas o que ele faz mesmo pode ser tanto ruim como bom, e para fazer um programa bom é um imenso desafio e... bom... em poucas palavras, é um trabalho que se faz pensando no futuro que, pensando bem, nunca acontece, e o futuro que você não pensou, esse sim acontece. O que eu quero dizer é que o coração faz coisas indesejáveis ao cérebro e ao eu. É muita ingratidão, esse cargo, e depende muito de talento e sorte. Depende em excesso.

Seu talento que eu digo é sua facilidade em algo que pode ser nato ou pode surgir depois de uma hora ou de uma frase ou outra coisa. Não sei outra palavra além dessa.

Eu... inda tenho coisas demais pra aprender e que já deveria ter aprendido. Coisas que não aprendi ainda por falta de talento. E me percebi que fico irritado e impaciente quando algo desse analfabetismo age. Frases vivem passando perto de mim... "Vc é do tamanho do seu sonho!", por exemplo. Qual é meu sonho? Você não sabe qual o seu sonho? Quem é você, então?

Quer dizer que é tão simples crescer nesse sentido? Você arma a porcaria do seu cérebros com algumas formulas, alguns versinhos e versículos, uns fatos históricos aqui, um país alí, um inseto acolá, e pronto! Que você quer fazer da vida? Ele tem esses 3 estados, em qual deles ele trabalha melhor? Bora, rapaz, que a fila tem que andar! É tão simples assim?
















...


Se é, porquê o nome da minha barcaça não se chama paciência, mas preguiça?

Aí você forma o idiota do seu coração com romantismo, ironia, umas piadas, alguma gentileza... E tudo que vejo é o espaço, as estrelas, o quarto cheio de poltronas que considero aconchegantes e uma porta aberta com uma vassoura de cabeça pra baixo. Você vai se compondo de cultura mas tudo o que você ouve é música, história, esquecimento e vontades curtas.

...

A era espacial não era a infância, mané! A era espacial ainda vai ser.
Quem disse que é fácil nadar no rio junto com a correnteza? É muito grave isso de ver o nome de sua barcaça escrito preguiça é grave, grave mesmo! Tão grave que você fica com 24 anos, escreve quinquilharias sobre você mesmo, não é quase nada que não uma lembrança de alguém e tem preguiça de mudar de embarcação.

Setas verdes que eu atiro em folhas no ar e a esmo... Serão elas ainda verdes, se atiradas em maçãs sobre a cabeça de meu precioso amigo?

Movo-me feito satélite... Meu futuro jaz em uma viagem espacial?

A pessoa é, realmente, do tamanho dos seus sonhos? Será que isso é verdade mesmo? Ou será que ela é só para o que nasce?

music of the day: Chico Buarque - Xote da Navegação

"Sempre ouvi dizer que recordamos toda a nossa vida no segundo anterior à morte.

Primeiro, esse segundo não é segundo nenhum... continua para sempre, como um oceano de tempo. Para mim foi como estar deitado no acampamento dos escoteiros, olhando as estrelas cadentes. Como as flores amarelas dos áceres da nossa rua.

Ou as mãos da minha Avó, a pele dela cheirando a pergaminho...
Ou a primeira vez que vi o novo Firebird do meu primo Tony.
E a Janie. E a Carolyn...

Talvez eu devesse estar fulo pelo que me fizeram. Mas é difícil ter raiva havendo tanta beleza no mundo. Às vezes parece-me vê-la toda ao mesmo tempo, e é demais! E o meu coração incha como um balão prestes a rebentar...

Até que resolvo descontrair-me, e parar de tentar agarrá-la.
E aí ela passa através de mim como chuva e não consigo sentir nada a não ser gratidão por cada um dos momentos da minha miserável e estúpida vidinha.

É claro que vocês não fazem a menor idéia do que estou falando. Não se preocupem. Um dia saberão."

American Beauty

terça-feira, novembro 28, 2006

hush it again!

Desolação

Ah, o silêncio, sereno, tranqüilo, perverso
Este ar parado, esta luz intermitente
Ah, como minha cabeça é barulhenta
Tudo o que penso é estática, zoada
Zumbidos das moscas entrevoando o juízo
Ah, o silêncio. Mortal.
Mortal como a vida é mortal.
A cada dia nascem sementes
A cada dia elas brotam semeadores
Ah, silêncio, separador dos joios e trigos,
Como somos ratos! vejam o silêncio!
Que alienígena poderia sucumbir a sua raça
Ante a face aterradora deste espelho?
Quem semeou este mundo? Quem mudou a Terra?
Ah, silêncio fecundo, guarda tuas raízes
Arranca tuas ervas daninhas, guarda a esperança
Onde houverem cupins a procura do amor
Não os alimentemos com o ódio! Não vos perpetueis!
Oh silêncio do Deus mais forte
Entrega teu ramo e tua espada
Não terás diamantes nem velas
Tua casa se encheu de ódio
Mas as casas em que moram o silêncio musical
Derrubarão torres de aço com os sopros dos bem-te-vis
Ah, silêncio, onde tu moras?
Quero te mostrar quanta sede a alma humana tem
Entre seus dentes carnívoros de orgulho
Eles se rasgam, música do tempo,
E tragados se afogam na corrente do próprio mar
RCL, 2002


music of the day: Tool - Vicarious



André Dahmer, o segundo mais miserável quadrinista brasileiro em atividade (o primeiro é Allan Sieber)

terça-feira, outubro 31, 2006

beg a pray for it!



Senhor, nosso Deus, nosso Pai,

Perdoe, Senhor, minha indignidade.

Não é aquele pedido de desculpa pela voz rouca antes de discursar, Senhor. É só urgência mesmo. Nem isso, é mais como uma reza católica invertida. E atrevida ante a minha infidelidade com tua Palavra.

É que eu te peço perdão, pois lá no fundo há um vácuo, outrora cheio de água do mar, logo após seguido de sangue quente, escuro, forte e arterial. A culpa é minha, Senhor, mas eu me pergunto se também não devo culpar pelo meu Eu que vivia nos meus 10 anos de idade, se eu devo culpar alguém mais pela minha cerne arredia. Sinto-me evacuado e, porém, mais pesado que o chão.

Por isso, Senhor, peço licença, já que o atrevimento concerne a um pouco mais do mesmo: Peço Senhor que ore para o vento. Vento este, Senhor, não o que criaste, mas o que te motivou a criar, a seduzir, a esculpir e a fazer planos... a este... a isto que não tem palavra, Senhor, que até o Senhor mesmo deve estar sujeito a ele. Entende? A este vento que leva as naus para os continentes novos, e aos piratas para novos saques, e às casas sujeitas aos teus ciclones, que ofereçem a seus donos um novo começar... Você entendeu. Então...

Peço uma oração, Senhor. E um perdão.
Chama o vento, e jogue-me no mar. O vácuo não vai me fazer afundar, né?

Meus agradecimentos vão além, tão além quanto um filho precisa agradecer à mãe. Minhas orações também, bem como meus sonhos e meus medos. Eu não posso me extender, meu Pai. Meus pés estão sujos feito piche e chiclete.

Faz soar minha rádio, meu silêncio Senhor, deixa Tua canção sobre minha respiração.
Saúde o Vento, por mim e diga que eu desejo-o, do fundo do meu coração.

Abro os olhos e sonharei, Senhor. Em ti adormeço
Em nome de Jesus,
Amém.

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music of the day: Mozart - Requiem - III. Sequentia: Lacrimosa

Desconheço o autor

terça-feira, outubro 24, 2006

let them wait for it!

Donde o homem fez-se do barro e do osso fez-se a mulher, as mãos foram de um braço que foram de um corpo que foram de uma alma que se iluminou. Humanos espantam e se espantam, velhas palavras dão vida nova, a morte traz vida, a história reina soberano, mas quem governa, Rainha, é Freud.

Pois os sonhos calçam chinelos surrados, sobem à Serra Pelada, escrevem cartas suicidas aos pais antes de voarem (Lembre-se que um dia um homem teceu sua asa quebrada e despencou dos céus para poder voar), e quem nada pôde fazer, pode dançar... A ironia, a dormência e o filho: são eles que constroem o século.

Digo isso, pois sou teu pai. Você nunca me conheceu, nem produzi tua metade, mas saiba, filho, que novamente o mundo gira, as crateras da lua se espalham e você só tem a certeza de que estará cá comigo um dia, mesmo que não saiba.

Onde estão os tijolos que ergui para contruir seu berço?
Nâo permita que os monte para fundar sua cripta!

Nós que aqui estamos, embaixo da Terra, acima dos Céus, não mais olhamos as letras de nossa história que vocês continuam... Olhamos estrelas, fitando, estudando, mergulhando, invadindo, penetrando o espaço deste universo, como se não mais existíssemos.

Por vós esperamos, meus filhos. Para os mortos, nada mais nos resta, a não ser a espera.

music of the day: Glenn Miller - Moonlight Serenade

"Nunca dominaremos completamente a natureza, e o nosso organismo corporal, ele mesmo parte desta natureza, permanescerá sempre como uma estrutura passageira, com limitada capacidade de realização e adaptação"
Freud

segunda-feira, setembro 25, 2006

reveal yourself to it!

Ianne (que possui um dos meus web logs favoritos) lançou desavergonhadamente uma maldição para 6 pessoas. Veja você que eu fui um deles! Agora eu passei a semana me defendendo de um coelho gigante que tem um tiro no meio da cara pra eu poder tomar banho... Só porque eu não coloquei meus podres no meu blog. Ora essa! Ele é CHEIO de podres! =P

Mas enfim...

Para que eu me livre dele, eu, desavergonhadamente, lanço a mesma maldição para... mmm...
Vcs escrevam 6 podres seus que ninguém saiba! E mandem para 6 pessoas! Este coelho foi embora e agora está correndo atrás de vcs! Se cuidem!

(Eu soube q esse coelho apareceu em Donnie Darko... é verdade? Ainda preciso ver este filme...)

Agora eis os meus (que acho que quase ninguém sabe, mas duvido):
  • Eu tenho um segredo impossível de se contar. Impossível, pois mesmo se eu pudesse impossivelmente explicá-lo e alguém improvavelmente entendê-lo, muito dificilmente alguém poderia acreditar, e mesmo se acreditasse não faria a menor diferença para o mundo. Mas o segredo não é nada disso que vcs estejam pensando. Nem isso, nã!

  • Eu tenho um terrível hábito de colar provas, mas já parei com isso a 2 anos atrás. Tem um jeito muito eficaz: As vezes a prova tem uma folha com as questões e várias em branco para responder. Pois bem, é só colocar a cola entre essas folhas em branco e sempre que escrever, nunca abrir totalmente, mas fingir que está escrevendo por baixo delas.

  • Um dia eu e minha irmã jogamos nosso cachorro do alto da varanda de casa (que era baixinho, mas nem tanto, tipo 1,2 metros) e ele quebrou a pata. Fizemos outras maldades com ele. Acho que nós não merecemos o céu por conta disso. E depois dele, nunca achei que eu realmenhte merecesse ter um bichim de estimação.

  • Eu gostaria de ter presenciado a cena em que a PIBN rachou.

  • Já roubei cds do hiper. Uma delas foi totalmente sem querer, eu juro! Eu só fui perceber que eu tava com o cd na mão qd sentei no carro.

  • Sempre tive imensa curiosidade de saber como é estar desmaiado ou em coma ou morto. Mas por questões éticas e sociais e de vergonha de tal morbidez, eu tenho paciência em só ficar curioso.
pronto. me sinto mais nu agora.

.

music of the day: Metropolis Pt. 2- Scenes From A Memory - Act I , Scene Four - Beyond This Life

Anônimo, mas achei a foto nesse fotolog escrito na própria.

see its hush!

(Aviso que, em virtude de a maldição não combinar muito bem com este post, irei adiá-lo para a próxima postagem. E se caso o coelho me atacar neste meio tempo... pelo menos eu terei morrido travando o bom combate com uma cenoura na mão ou pelo menos como um gentleman, oferecendo-o uma xícara de chá de camomila ou um Oreo)

Estrada amarela
Luzes solitariamente em pares em 2 vias: brancas vindo, vermelhas indo...
Um som contínuo de cidade, mas como se de praia fosse.
Tudo é quieto, tudo silencia.
O viaduto é uma árvore, a cidade é um chão de estrelas caídas... cansadas? perdidas?

!

As estrelas caídas chegam pela auto-estrada em direção à cidade, vermelhas de exaustão, e ao atravesarem a árvore, descansam, se amarelam, se embraquessem, e tomam a auto-estrada e vaporizam-se, prontas para iluminar a noite dos homens, ora reunidas no brilho de uma lua solitária, ora esparsas, como furos de um teto escuro sob o céu iluminador...

Auto-estrada... Aeroporto...

Nada, exceto o Tempo, encerra este momento
Sublime.

music of the night: Thea Gilmore - Saying Nothing

"A Alegria
É toda feita
De melancolias."
Millôr Fernandes - Hai-Kais