sexta-feira, janeiro 12, 2007

want it!

Do que é feito o Nada? de absolutamente nada, claro! Se ele fosse feito de algo então ele não seria nada, seria algo. Então se o Nada é feito de nada, nem de supercordas ou subpartículas ou alma ou cheiro ou consciência, espírito, em suma, não é feito de algo que exista, então ele não existe. Ora, se o Nada não existe, então o algo - seu outro lado - não existe também, pois está claro que se uma coisa existe - vida, bem, liberdade, realidade, espírito, terra, paraíso, criador, etc... - seu oposto também deve existir - morte, mal, prisão, sonho, carne, ar, inferno, descriador, ponto.

Posto desta maneira e com esta contradição, o nada então existe, mas não é dado a ninguém o poder de saber o que o nada é ou do que é feito, pois entrará em eterna contradição, quem o procurar seguindo a lógica explicitada (acredito piamente que não é apenas esta lógica que exista como regra universal, ou pelo menos esteja severamente incompleta. Mas sou humano, e humildemente assim o serei neste con-texto.)

Quando uma pessoa diz que não sabe de nada, na verdade ele sabe sim, mas não sabe o que é, e repete para si mesmo que não sabe o que sabe realmente. Ou quando uma pessoa não diz nada, ela disse sim, mas nós repetimos para nós mesmos que ela não disse e, mais ainda, não sabemos o que ela disse.

O nada é um anti-algo, que não se pode dizer o que é, porque ele não é o que se diz, Seja lá o que for dito.

O nada, como significado, é perigoso. Não sabemos o que é. O nada é uma palavra sem tradução que usamos e abusamos, querendo dizer outra coisa. Geralmente duas: que é incerto, ou que é mentira.

Já é fim do décimo primeiro dia de 2007. 2007 é número do atual ano, um número postergado por uma das culturas da humanidade para dizer que o seu planeta deu a 2006a volta (não exata) ao redor de seu astro-mãe depois de um evento que na verdade não ocorreu neste ano, mas que, enfim, por si só, representa um fim de um ciclo. A essência é essa: terminou um ciclo, e portanto, já começou outro.

A humanidade aproveita este momento para querer finalizar o eles chamam de ciclo, dormir por uns minutos, abraçar seu amigo por outros, aliviar o desespero, dar um profundo suspiro e renovar a esperança, e, no fim, cometer os mesmos erros do ano anterior - ou não - de maneira diferente - ou não. É algo que se repete continuamente, um lugar-comum, hoje em dia o termo é "cliché", um termo francês que hoje em dia significa algo que, de tão repetido, perde o sentido original ou, pelo menos, sua força. Uma ironia interessante, sutilmente engraçada e sarcasticamente triste. Será que no futuro, este "cliché" perca toda força, bem como todos os "clichés" que hj existem? Será que a alma das pessoas, no futuro, até a novidade, a mistura, a criatividade, a intenção estará cansada de clichês?

(Alguns não pensam assim, pensam que o significado também é como originalmente era de fato, uma palavra onomatopaica que significa "estereótipo" ou "cópia". O que não deixa de ser verdade, mas eu sempre penso que uma coisa sempre e sempre copiada não será nunca o mesmo que o seu original, por mais perfeito que consiga ser. Mas eu estou com eles, apesar do meu pensamento, e gosto de estar nessa contradição. Vivam sempre os clichês! Sempre! Mesmo que sejam outros!)

Não importa. Hoje, com um ciclo inteiro pela frente e um clichê nas mãos, me sinto vazio, sem vontade nenhuma, querendo nada, selvagem feito um gato doméstico, sem memórias nem pensamentos, sem braço, sem perna, sem olhos e ouvidos e sem voz. Essa é a minha verdade agora.

Mas, como apontado, "nada" não é bem isso que as pessoas acham isso quer dizer. Eu só não sei o que é. Por isso, estabeleci que o que eu quero é que um cometa caia sobre mim, e que eu viva com a mudança que me acontecer.

E que, enquanto não acontecer, estarei pouco acordado, pouco ciente, pouco disponível e bem descontente neste 2007, pois eu tenho um objetivo. E se, nem esse objetivo me fizer levantar e crescer, que a mudança que este cometa traga seja a morte.

E tenho dito.

music of the day: Ambulance Ltd - Stay Where You Are

"Essa não é a musica que os arcebispos ouvem quando estão fornicando
Esta não é a música que as enfermeiras ouvem quando estão matando

Qual será esta música?
Quem ouve esta música?
Pra que serve esta música?

Esta não é a música que os jornalistas ouvem quando estão mentindo
Esta não é a música que os suicidas ouvem quando estão caindo

(Laing, Chessman... farão música pop
Warhol, Kubrick ... farão vídeo clips
Sandino, Marcos... milhões de heróis se acotovelam em nossas telas
e nós os velamos em nossas salas chupando balas)"
Mundo Livre S/A - A música que os loucos ouvem

2 Comments:

Blogger debbie said...

Rodrigo!! te amo menino! tou com tantas saudades, beijos. ate a pascoa! xxx

10:40 PM  
Blogger Unknown said...

selvagem como eu.

10:31 PM  

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