write it!
Como é doloroso o escrever. Dor de fadiga e de poesia, de quem quer estar dentro daquilo e não em sua descrição – saudade.
Dor é também falta de dor. Dói não sentir falta, dói conhecer sua própria frieza e perceber que tudo o que não sentes é dor.
Dói ver a ventura dançar, de olhos fechados e sorriso de monalisa, como se ela não fosse material. De cores abaladas pela própria existência que precisam se agitar com o som, como se fosse água sacudida em uma nervosa garrafa. Dói, pois vc em parte é o que vê, e não sabe por que a sinestesia lhe domina e você precisa canalizar. Dói não escrever.
Este não é um post tardio. Esta é a hora dele, pois as anteriores precisavam não existir. Não pense vc que é uma desculpa, é só aquilo que os realistas não chamam de destino. É sua existência e a falta dela antes e em outra possibilidade que dão sentido ao que existe. E o que existe hoje (e/ou sempre) é a dor que o tempo trás e leva, como quem deixa cair ácido sobre sua calçada, pega o que restou e vai embora sem pedir desculpa. Dor que não dói, visto que meu corpo não sente nada. Mas tamanha, que me faz escrever.
E por saber que o que é dor, induz-se que o amor é dor, que só não é sentida quando a reciprocidade é cumprida. De outra maneira, qualquer forma de amar implica o sentido da dor. Inclusive o não-amor. Amar é uma forma de doer.
Cantar é uma forma de amar.
Dançar é uma forma de cantar.
Escrever é uma forma de dançar.
Ver é uma forma de escrever.
Vi o amor. Não escrevi o não-amor.
O tempo estático se enche como rio represado. O amor e o não-amor eram como duas estátuas em movimento. Duas mulheres vestidas de cor dançando a música que explicam sem serem palavras todo o sentido da vida.
...
(o artesanato é de Letícia Baptista ”Bapi” e as fotos são daqui.)
music of the day: Pomplamoose - Nature Boy
"The greatest thing
You'll ever learn
Is just to love
And be loved
In return."
Trecho da música acima
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home