reign over it!
Parte I
Seu reino, qual formato tem?
É vertical? Sem gravidade?
Maior que um planeta? Preso em uma garrafa?
Como andam seus habitantes?
São eles só você? São povos sem fim?
Seu reino... Ele tem quantos nomes? Nenhum?
Como é seu reino?
Alguns chamam seus tijolos de versos. outros de dias vividos. outros de matemática pura.
Suas casas podem ser só de invenção, ou sem forma.. Ou são concretas, vivas na Terra.
As vezes, suas ruas são de gente, são de foguetes, de cometas, de fantasmas, de balas de canhão, de dias seguintes, íngremes.....
Mas eles reinam. Todos têm reino. Todos.
Quer queiram, quer não.
Como são as relações internacionais de seu reino?
...
Parte II
Meu reino possui um tempo rebelde sem-causa.
Meu reino possui 4 minutos de idade. E mais de 400 reinados e regências corridos.
Você vê aquele casal, se segurando passionais e contra a ventania, enquanto amanhã nunca se conheceram. Ontem eram avó e neto? ou seriam marido e mulher? ou irmão e irmã?
Os velhos na praça comentando entre si sobre a pelada, as jogadas, os montinhos que fizeram qd muito crianças, completamente esquecidos do que conta os jornais do dia.
Sinais dos fins dos tempos aparecem de uma hora pra outra, repentinos, assustadores nos céus, cada um apontando diferentes acontecimentos, cada um levando a diferentes conclusões.
As antenas televisões, rádios e internets recebem informações do passado, presente e futuro. Estão em estática. Principalmente aos domingos. Os mais atentos são os que têm memória mais fraca.
Meu reino não tem mar. No entanto, todo ser vivo, desde os vírus e células até os sábios e os estrangeiros de outros reinos, sonham com o mar. E todos acordam desejando, ardentemente, estarem em um cais, em um navio, pronto pra partir.
Meu reino tem o tamanho do mundo.
E suas ruas estão mapeadas nas digitais da palma da minha mão.
...
Parte III
Como termina o tempo alinear? Basta desinventá-lo.
Assim como nos sonhos: contos, obras de arte, histórias, crenças, crimes, amores, talentos, ciências, maravilhas... Tantos, todos os dias são criados, e todos os dias se esfarelam e são jogados ao vento durante o despertar.
E terminamos não nos incomodando muito com isso para não enlouquecermos.
Tudo é desinventado.
Em meu reino, os velórios são em maternidades. Pois, como dito, o tempo é feito ondas à beira-mar, que podem ou não trazer-nos de volta o que se perdeu.
A morte é filha do tempo, e fruto da desinvenção.
Enquanto me for permitido, quando meu reino estiver ruído, comido pelas traças, enterrado na areia, fossilizado e esquecido, renascerá de volta o casal que primeiro viveu nestas terras, sem lembrar de nada, e levantarão o primero tijolo. Tudo terá outra forma, outra física, outra gente.
Mas de alguma maneira tudo está sendo guardado em um imenso pretérito, fazendo tudo, até minha diplomacia, fazer sentido.
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music of the day: Milton Nascimento & Lô Borges - Clube da Esquina n. 2
"Time is just something that we assign. You know, past, present, it's just all arbitrary. Most Native Americans, they don't think of time as linear; in time, out of time, I never have enough time, circular time, the Stevens wheel. All moments are happening all the time."
Robin Green and Mitchell Burgess
Marcadores: pensamento, tempo