beg a pray for it!
Senhor, nosso Deus, nosso Pai,
Perdoe, Senhor, minha indignidade.
Não é aquele pedido de desculpa pela voz rouca antes de discursar, Senhor. É só urgência mesmo. Nem isso, é mais como uma reza católica invertida. E atrevida ante a minha infidelidade com tua Palavra.
É que eu te peço perdão, pois lá no fundo há um vácuo, outrora cheio de água do mar, logo após seguido de sangue quente, escuro, forte e arterial. A culpa é minha, Senhor, mas eu me pergunto se também não devo culpar pelo meu Eu que vivia nos meus 10 anos de idade, se eu devo culpar alguém mais pela minha cerne arredia. Sinto-me evacuado e, porém, mais pesado que o chão.
Por isso, Senhor, peço licença, já que o atrevimento concerne a um pouco mais do mesmo: Peço Senhor que ore para o vento. Vento este, Senhor, não o que criaste, mas o que te motivou a criar, a seduzir, a esculpir e a fazer planos... a este... a isto que não tem palavra, Senhor, que até o Senhor mesmo deve estar sujeito a ele. Entende? A este vento que leva as naus para os continentes novos, e aos piratas para novos saques, e às casas sujeitas aos teus ciclones, que ofereçem a seus donos um novo começar... Você entendeu. Então...
Peço uma oração, Senhor. E um perdão.
Chama o vento, e jogue-me no mar. O vácuo não vai me fazer afundar, né?
Meus agradecimentos vão além, tão além quanto um filho precisa agradecer à mãe. Minhas orações também, bem como meus sonhos e meus medos. Eu não posso me extender, meu Pai. Meus pés estão sujos feito piche e chiclete.
Faz soar minha rádio, meu silêncio Senhor, deixa Tua canção sobre minha respiração.
Saúde o Vento, por mim e diga que eu desejo-o, do fundo do meu coração.
Abro os olhos e sonharei, Senhor. Em ti adormeço
Em nome de Jesus,
Amém.
.
music of the day: Mozart - Requiem - III. Sequentia: Lacrimosa
Desconheço o autor