domingo, dezembro 28, 2008

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Na poesia, o mundo se deita. Se espreguiça, se descontorce e se estica, como se quisesse alcançar tudo dela, de um ponto a outro.

Se alcança? Sei lá! Ela q vem a todos, recebe qualquer coisa e nada rejeita. No meu caso é meio complicado. Ela bateu na minha porta, entrou sem esperar olá, deitou-se em minha cama e abriu as pernas. E eu fui e me sentei na frente da televisão.

Aí ela se magoou pq eu me magoei com sua perversão e até agora só tenho uma foto dela. Sozinha. Eu que bati, sempre digo. Só.

Com a poesia o mundo se deita. Fazem sexo e fazem amor, sem repetir necessariamente esta ordem. Se descobrem cúmplices ante a não-magnitude do universo que os envolvem, a arrogância da ciência que sempre quer explicar tudo e a gloriosa sensual e democrática burrice. Se alguém os descobrem juntos, vem a polícia do carma e os prender separadamente em suítes de luxo ou em sonhos quimicamente sintetizados.

Pela poesia, o mundo se deita. Dorme. Se deixa adoecer e espera a morte chegar. Antes disso, seu corpo reage. Destrói suas hemácias e vírus, sem saber quem é quem. O mundo está inflexível e não mexe. Sabe que seu corpo precisa se defender por si só.

E a poesia, de alguma maneira, vai sendo salva. Se ele reagisse, aqui seria só um deserto ateu feito de bruta realidade.

Para a poesia que o mundo se levanta, só.

De poesia, o mundo se veste. De poesia, o tambor do mundo é feito. Ou um pandeiro. Pele, couro, roupa, baqueta, cavaquinho.

Samba no tamanco sozinho e azul em um raio de luz, este planeta. Samba precisando urgente de um par. Porque quando pára de sambar,

Sobre a poesia, o mundo se deita e dorme.

Algum planeta alien se candidata?

music of the day: Tom Zé - Sabor de Burrice

"
That's here. That's home. That's us. On it everyone you love, everyone you know, everyone you ever heard of, every human being who ever was, lived out their lives. The aggregate of our joy and suffering, thousands of confident religions, ideologies, and economic doctrines, every hunter and forager, every hero and coward, every creator and destroyer of civilization, every king and peasant, every young couple in love, every mother and father, hopeful child, inventor and explorer, every teacher of morals, every corrupt politician, every "superstar", every "supreme leader", every saint and sinner in the history of our species lived there - on a mote of dust suspended in a sunbeam."
Carl Sagan

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